sexta-feira, 18 de março de 2011

“QUEM TEM UM SONHO NÃO DANÇA”

Essas do título são palavras do Cazuza, meu poeta amado, tradutor das inquietudes do meu tempo. Com toda loucura, ele encontrou seu lugar na vida de compor e cantar. E mostrar sua cara e nos chamar à não hipocrisia. E fez sua história.
Cito-o porque sigo muito preocupada com o número de crianças e a adolescentes perdidos de si, que perdem a vida para o crack e outras formas suicidas de existir.
Continua a crescer o número dos casos de jovens que desistem, não suportam, sabe-se lá que nível de angustia, e dão fim ao seu calvário. O que está acontecendo?
Segundo os princípios africanos, não me lembro agora de que nação é o fundamento, “é preciso toda uma aldeia para se educar uma criança”. Então conclamo a todos a arregaçarem as mangas e a tentar orientar um jovem, seja primo, sobrinho, irmão, amigo, filho de amigo. Vale explicar direitinho para uma criança ou um jovem o rumo de sua ação. Eles prestam atenção quando somos bons explicadores e quando fica claro que estamos do seu lado.


Vejo um desamparo geral dos que, por nós criados, seguem sendo analfabetos de si e do mundo. Se repararmos, no caminho do malfeito deste ou daquele menino, tem sempre um adulto que falhou com sua ausência ou com sua nociva presença.
Um jovem é definido como tal exatamente pela sua potência romântica, seu coração destemido e quixotesco, pela sua confiança na própria capacidade de mudar o mundo. Não esfacelemos sua esperança!
Muitas vezes quando confessa: “pai, quero estudar Agronomia mas quero trabalhar com os sem terra, fazer horta comunitária”, o pai enlouquece: “mas que palhaçada é esta ?Roça comunitária é coisa de vagabundo. “já viu isso dar dinheiro?” É em casa que se escuta este tipo de pensamento de consequências desastrosas.
Botam um menino desses, que nasceu com coração descalço, enfiado num terno numa loja de shopping ou na empresa do pai, que muitas vezes, sem ninguém se dar conta do enredo, começa a falir.
Esqueceram de perguntar a esse jovem quais eram os seus desejos, suas inclinações. Estamos, adultos e experientes, em condição privilegiada em relação aos que vieram depois de nós. Podemos ajudá-los a ampliar as pistas para chegar a si mesmo.
Um homem que tem intimidade com seus fluxos de ser e que se torna conhecedor de suas margens, logo encontra seu sonho e com ele navega, e em suas águas outros sonhos encontra e por eles peleja, e com eles verdeja.
Temos todo medo do fracasso, medo de não agradar, de não representar importância no coração de papai, mamãe. Por isso, somos todos sobreviventes de alguma dor, um vício, uma paixão, uma rejeição. Para todos estes infortúnios, um só antídoto: agarre na mão do sonho, através dele se procure, se compreenda, se acolha onde o amor faltou.
Estamos no início do ano e os vestibulares e cursinhos proliferam. Pois atenção esteticistas, marceneiros, médicos, professores, artistas. Tudo é igualmente importante para o mundo e todos podemos ser brilhantes em cada trabalho que de nós merecer dedicação natural. Porque dá caminho e luz, o sonho é o sol. É direito do povo. E aí teremos um ano realmente novo!
Crônica de: ELISA LUCINDA
elisalucinda@yahoo.com.br

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