domingo, 8 de março de 2009

Palestra para o dia da mulher

Palestra proferida pelo Diretor da ADL, P. Siegmund Berger na referente ao Dia Internacional da Mulher (08 de março)
As mulheres, na política, representam hoje menos de 10%  do total dos prefeitos eleitos e menos de 15% dos vereadores. No Congresso Nacional, a bancada feminina é composta por poucas senadoras e por poucas deputadas federais. No Poder Judiciário, uma mulher passa, pela primeira vez, a ocupar uma vaga de ministra no STF.
Em 2001, as mulheres representavam 44% do mercado de trabalho, mas recebiam uma remuneração 41,3% menor do que a dos homens. E isso se dava apesar de 42% delas já terem concluído o segundo grau; esse índice, entre os homens, é de 26%, segundo dados do Dieese.
As mulheres ocupam 44% do mercado de trabalho,  mas a remuneração média é 41,3% menor do que a dos homens.  Na área rural, as mulheres conquistaram o direito ao título da terra, antes destinado apenas aos homens. Basta lembrar as máquinas de costura, as vacas e os cavalos que eram doados como herança em detrimento dos homens que eram contemplados com propriedades agrícolas.
           Já na herança a mulher era jogada nas mãos do marido. Ela não tinha formação escolar, não tinha         possibilidade de trabalho fora e nem isso era bem aceito. Conseqüentemente seu futuro era servir de cama e mesa para os maridos e cuidar dos filhos.
No Brasil, temos mais 1 milhão de mulheres jovens grávidas todos os anos e uma mulher sofre uma agressão a cada quatro minutos. São dados da CPI da Violência Contra a Mulher, do Congresso Nacional. E, segundo dados da Sociedade Mundial de Vitimologia, 23% das mulheres brasileiras estão sujeitas a algum tipo de violência doméstica.
A mulher, no Brasil, continua a ser vista como uma extensão ou uma propriedade masculina, o que confere ao homem o pretenso direito de dispor de sua liberdade, de seu corpo e de sua vida.
Por todas essas razões, tomamos um susto quando, recentemente, ouvimos no rádio músicas que vêm fazendo sucesso e foram hits no Carnaval. Falam que "tapinha não dói" ou que a mulher gosta de levar "tapa na cara". A mais recente é a música do “Créu”. Pode incitar à violência sexual.
Como é tristemente evidente, letras de músicas como essas refletem o cotidiano de violência contra a mulher, no qual a agressão é encarada como algo intrínseco às relações entre os sexos. Tanto que tais canções pretensamente falam do tapa sem que isso signifique perversão, desrespeito ou agressão.
Temos de ficar atentos quanto ao retrato da mulher feito pela mídia. Uma barreira pode ter sido quebrada. Depois do tapa, o que mais virá? Estupro, esquartejamento, chicoteamento, queima na fogueira?
A violência contra a mulher precisa ser denunciada. Não se pode mais aparecer com o olho roxo e dizer que caiu da escada. A valorização da mulher passa pela não aceitação de sua situação de semi escravidão imposta pelos maridos. A valorização da mulher na sociedade passa pelo reconhecimento, não apenas de sua capacidade produtiva, mas da sua índole de ser Mulher, de ser gente, de ter garantido o seu espaço. Isso precisa ainda ser conquistado em muitos lares e precisa ser ensinado para as meninas e os meninos. Essa tarefa pode ser desempenhada pelas mulheres. Basta um novo olhar para a sua realidade. Quando a gente se sente preso a um buraco é necessário olhar para outra direção e parar de cavar aquele buraco.

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